Todo mundo quer ser feliz, ninguém quer sofrer, mas infelizmente você não pode ter arco-íris sem chuva!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

saudades . . .

O qué é a saudade...

Apenas mais um sentimento? Seria a saudade um sentimento ou apenas a conseqüência da ausência de alguém na vida de outra alguém? Quem sabe??? Eu acho que é um sentimento, dos mais fortes e pulsantes que podem envolver nossas almas. Um sentimento que envolve muitos objetos, desde amigos distantes, amantes inconstantes, pessoas que já se foram e cenas que ficaram na memória. É difícil definir sensações e mais difícil ainda definir sentimentos. Mas a saudade, assim como o amor, é ao mesmo tempo palpável e pura, sublime. Não sabemos o que é, mas sentimos e vivenciamos cada segundo em que nossos corações são preenchidos por ela.

Assim é a saudade.
A saudade é um sentimento tão forte, que consegue muitas vezes mudar nossa própria percepção do tempo. A saudade faz facilmente nossos pensamentos vagarem em direção ao ser amado, em direção a alguém, a uma cena, a uma situação, em direção ao que se foi. E nessa viagem de nossos pensamentos é como se tudo a nossa volta parasse no tempo. Só, e apenas só, as vívidas e coloridas memórias da saudade passam a importar. Toda a realidade é envolta em uma névoa cinza e tudo o mais fica como que congelado no espaço. Todo o resto do mundo se torna pequeno diante da saudade e nada, nada, nada, nada mais importa.
A saudade literalmente para o tempo, e faz com que passado e presente se embaralhem, se confundam um com o outro. Na saudade amamos perdidamente cada cena do passado, cada gesto, cada gosto, cada cheiro que ficou apenas na memória, como se eles ainda não tivessem passado, como se esse mesmo passado ainda fosse parte da realidade presente. E quando a saudade aperta, tanto que chega a machucar o coração, somos até mesmo capazes de ignorar a realidade do presente e fingir que ele não existe, para viver apenas do doce sabor de lembranças do passado. Eis aí a névoa colorida da saudade nos envolvendo. E quando a saudade é grande demais, chegamos até mesmo a ignorar o futuro e os convites que ele nos faz, pois quando estamos com saudade só queremos trazer o passado à tona, nem presente e nem futuro importam mais.
A saudade é um eterno mergulho em lembranças. Um mergulho tão profundo que consegue até mesmo deixar nossa razão sem saber o que fazer. Sem saber o que fazer com os minutos que se arrastam, enquanto o pensamento nos leva de volta para o passado. Sem saber o que fazer com as horas que teimam em não passar, enquanto sentimos nossa alma voltando ao encontro de pessoas e cenas que não estão mais presentes. Sem saber o que fazer com os dias que se tornam mais longos, enquanto a saudade insiste em tirar até mesmo nosso sono e nos afogar em lembranças passadas.

E assim é a saudade.
É muitas vezes um olhar marejado de lágrimas ao ouvir uma musica já esquecida. Outras tantas vezes a saudade é um verdadeiro choro aberto, escancarado, soluçado, ao lembrar de uma cena que ficou para trás, ou mesmo ao sentir o perfume da pessoa amada. A saudade pode ainda se travestir em um grito de desespero, tentando preencher o silêncio eloqüente do passado. Eis a saudade e suas roupagens. Eis a saudade... A saudade é um sentimento que não pode ser contido, pois se transforma em lágrimas, em choro, em palavras, em gritos e, sempre e sempre, foge de nosso controle. Sempre e sempre.

Eis a tal saudade.
Plantada no coração daqueles que ficaram, adubada pelas lembranças do passado e regada pela sensação de ausência daqueles que se foram para longe, para outras paisagens ou até mesmo para outra vida. Um sentimento vívido, que não se deixa esmaecer nem mesmo pela distância, pois mesmo que dois olhares não mais se cruzem, a saudade estará lá ligando dois corações, dois amores, duas almas, quem sabe pela eternidade a fora...

A saudade é lembrança.
Lembrança com gosto, cheiro, tato. Muitas vezes pode ser doce e terna, outras tantas pode ser amarga ou fria. Mas sempre está lá, presente na memória e no coração daqueles que sabem o que é sentir saudades. A saudade chega, em alguns momentos a parecer realidade, possível de ser tocada e vivida de novo. A saudade às vezes nos aperta o peito de tal forma que parece querer nos afogar em um lago revolto de lembranças. Em outras tantas vezes, parece virar uma febre delirante, e no meio do delírio, da respiração cansada, do suor pelo rosto e da vista turva, cenas que já se foram tentam fugir da lembrança e se tornar de novo realidade. Momentos raros em que quase podemos vivenciar aquilo que ficou no passado, ou mesmo, quase tocar alguém que já se foi.

Assim é a saudade.
Muitas vezes ela é como a sede no meio do deserto. É desesperadora, angustiante, urgente e só passa com a presença das lembranças do passado, com cenas de uma paisagem distante, com a imagem do ente querido que se foi, do ser amado que está distante ou já não mais nos ama ou até de amáveis palavras ouvidas na infância. Muitas vezes apenas quando sorvemos cada gota dessas imagens do passado, dessas lembranças tão saborosas e calientes é que a sede imensurável da saudade abranda um pouco.

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